quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Réquiem para um Sonho (2000)


Não é complicado conseguir fazer com que um filme alcance o sucesso, contanto que você tenha o mais fantástico dos roteiros, os melhores atores que Hollywood possa te oferecer, as técnicas mais avançadas e, claro, um orçamento digno para que seja chamado de superprodução. Mas com atores que não estão entre os mais conhecidos, efeitos simples, um baixo orçamento e uma história do comum no nosso dia-a-dia, conseguir um bom filme é uma tarefa árdua. Darren Aronofsky, considerado um dos melhores diretores da nova geração, após sua estréia bombástica com "Pi" (1998), prova para todos como cotidiano é, de fato, a mais fascinante de todas as histórias.

Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000)
Direção: Darren Aronofsky
Roteiro: Hubert Selby Jr.
Gênero: Drama
Origem: Estados Unidos
Duração: 100 minutos

A trama é dividida em estações e se inicia no verão, quando Sara Goldfarb (Ellen Burstyn) vive em um pequeno apartamento em Brighton Beach e passa a maior parte de seu tempo assistindo a televisão. Seu filho (Jared Leto) é viciado em heroína e, junto à namorada (Jennifer Connelly) e seu melhor amigo (Marlon Wayans), também viciados, envolve-se com o narcotráfico, em busca de realizar seus sonhos. Nesse meio tempo, após receber a mensagem de que poderá participar de um programa e aparecer na TV, Sara começa a ingerir remédios para emagrecer, no que acaba viciada.


Aronofsky, assim como em "Pi", utiliza várias técnicas de edição, como dividir a tela mostrando a mesma cena de ângulos diferentes, aumentando a intensidade do desenrolar da cena. Além da sequência de imagens e sons que exemplificam de uma maneira simples, porém inteligente, o processo de ingerir a droga e os efeitos que ela causa de imediato. Os cortes são constantes durante todo o filme, resultando em várias e curtas tomadas, mas no clímax, onde as os finais trágicos de cada personagem são alternadoas rapidamente acompanhando a forte trilha sonora, a intensidade é elevada a tal ponto de causar pânico e desespero.


Além da direção e edição perfeitas, o elenco principal está formidável interpretando os inconsequentes viciados sonhadores, mas é preciso dar destaque à veterana Ellen Burstyn, conhecida por seu papel em "O Exorcista" como Chris McNeil. Considerada uma das melhores interpretações femininas de todos os tempos, Burstyn nos faz desencadear inúmeras emoções com a simpática senhora que foi abandonada, de uma maneira ou outra, pelo filho e por seu marido, e que ainda busca um motivo de seguir vivendo sua vida, nem que seja perder peso para poder vestir seu lindo vestido vermelho. Seus dramas pessoais, somados à devoção da atriz, tornam-a, de longe, nossa personagem favorita e por quem mais sentimos pena e sofrimento. Burstyn foi indicada ao Oscar com este belíssimo papel, mas acabou perdendo para a também merecida Julia Roberts em "Erin Brockovich".


Sim, o filme é sobre drogas, mas passa longe das comoventes histórias de superação que rondam este tema. "Réquiem para um Sonho" é especial por exatamente este motivo. Os personagens são aprisionados em sonhos, e tudo desmorona terrivelmente. O filme, de fato, mostra quão magnífico este nosso mundo corriqueiro pode ser. Quem não se indentifica com as pessoas preconceituosas na cena do metro? Afinal, está no nosso dia-a-dia ver loucos nas ruas, viciados jogados nas esquinas e drogas destruindo famílias. Sim, quem diria que por trás do nosso cotidiano pudesse esconder um drama tão grandioso? "Réquiem para um Sonho" é um triunfo da banalidade: é nosso mundo, da maneira mais fria e crua.



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