João Felipe
Pense em um conto de fadas, de preferência naqueles clássicos da Europa medieval. Agora, adicione os esteriótipos de uma pricesinha em perigo e um herói para salvá-la. Então, misture bem com músicas alegres, piadinhas inocentes e cenários vislumbrantes. Parece que esta receita criada por Walt Disney não falha e, mesmo depois de mais de 70 anos desde "Branca de Neve", o primeiro longa da Walt Disney Pictures, "Enrolados" é atual e fascinante. Sinal que a fórmula dos clássicos da Disney ainda não passaram do ponto - Rapunzel que o diga.
"Enrolados" não é exatamente a recriação do conto dos Grimm: a introdução do filme é narrada por Flynn Rider (voz de Zachary Levi, dublado por Luciano Huck, na versão brasileira), um destemido ladrão-galã, que conta a história da princesa Rapunzel (Mandy Moore). Gothel (Donna Murphy), uma velha bruxa má (outro típico esteriótipo dos contos de fadas), encontra uma espécie de flor mágica, originada por uma única gota de luz pura do Sol, que tem o poder de curar os doentes e feridos. Porém, ela a guarda em segredo para manter-se jovem para sempre. Nesse meio tempo, a rainha de um reino próximo, grávida, adoece gravemente e seus guardas partem à procura da flor curativa. Por descuido da bruxa, a flor é encontrada e um remédio é feito com suas pétalas.
Assim, nasce Rapunzel. Ela possui um cabelo mágico dourado com os mesmos poderes da flor que, se cortado, fica castanho, perde os poderes e não cresce mais. Gothel, vendo que sua fonte da juventude havia acabado, rouba a menina, a aprisiona na alto de uma torre e a cria como filha, usando e abusando dos benefícios dos cabelos de ouro. Em seu aniversário de 18 anos, Rapunzel, com a ajuda de Flynn, decide fujir e ver as "luzes flutuantes" - lanternas voadoras que o reino todo solta no aniversário da princesa perdida, alimentando a esperança de um dia encontrá-la.
Apesar dos clichês e eteriótipos, a história é muito interessante e os personagens, carismáticos. A trama se torna mais emocionante que a original, ainda mais acompanhada de efeitos estonteantes numa utilização perfeita do 3D, resultando desde paisagens mais que magníficas até cenas de ação de tirar o fôlego, além das tiradas hilariantes (de um humor simples, bobo e ingênuo, porém capaz de fazer tanto crianças quanto adultos gargalharem na poltrona do cinema) e das belas canções (quase um legado dos contos da Disney) assinadas por Alan Menken.
Como disse no início, parece que essa fórmula de Disney é mesmo imbatível e, mesmo sofrendo pequenas modificações ao longo dos anos, as promessas de sucesso continuam e suas lindas músicas ecoam como uma trilha sonoras eterna. Parece que o maior defeito deste clássico contemporâneo, capaz de divertir pessoas de todas as idades, é a dublagem brasileira de Huck (que não combinaem nenhum aspécto com o bonitão Flynn). Ainda bem que temos a doce voz de Sylvia Salustti, que casa perfeitamente com a personalidade agitada e amável de Rapunzel. Pode não ser o melhor dos contos de fada da Disney, mas "Enrolados" é um filme cativante, livre e visualmente magnífico (além de ser a a animação mais cara já feita, custando cerca 260 milhões de dólares) que cumpre o que promete: divertir, e só. Ah, sim, "e todos viveram para sempre".
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