sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Chantagem e Confissão (1929)

O grande mestre do terror, muito antes de ser considerado assim, executa este thriller emocionante, perturbador e sexy brilhantemente. Alfred Hitchcock começou um verdadeiro legado a partir deste filme, primeiro, por se auto-afirmar como um grande diretor, e, segundo, pela atriz tcheca Anny Ondra, que foi uma das primeiras a encarnar uma protagonista loura, das várias que seguiriam em seus filmes.

O filme conta a história de Alice White (Anny Ondra) que, depois de brigar com seu namorado (John Logden), acompanha seu admirador artista (Cyril Ritchart) até seu apartamento. Lá, enquanto tenta estuprá-la, ela o esfaqueia e foge. No dia seguinte, a notícia do assassinato já se espalha pela cidade e, apesar de seu namorado tentar ajudá-la, um oportunista acaba descobrindo seu segredo e agora a chantageia para permanecer calado.

A presença de Ondra ao mesmo tempo que é provocante, exala inocência da jovem e pobre assassina. E Hitchcock também supera-se em seu trabalho, com cenas verdadeiramente memoráveis, em especial a do café-da-manhã, na qual a conversa sobre o assassinato e a imagem da faca de pão deixam Alice em estado de nervos, enquanto a conversa se torna um ruído sem sentido, realçando ainda mais a palavra "faca", que soa perfeitamente aos nossos ouvidos.


"Chantagem e Confissão" seria um filme mudo, tanto que até os oito minutos de filme, não há som algum. Apenas no meio das gravações o longa foi reformulado para ser sonoro. Como Anny Ondra, que já havia sido escalada como protagonista, possuia um forte sotaque, Hitchcock recorreu a técnica da dublagem: enquanto Joan Barry dizia as frases por trás das câmeras, Ondra fazia a mímica com a boca. A técnica, apesar de inusitada, é bem-sucedida.


Este thriller clássico, com a participação de Sara Allgood como a mãe de Alice (que receberia uma indicação ao Oscar por seu papel em "Como Era Verde Meu Vale", em 1942), proporciona um angustiante drama, uma história instigante e o toque de suspense típico de Hitchcock. E, sim, a nossa lourinha Ondra, estonteante, mesmo sendo a assassina em questão, nos fazendo ter compaixão de seu arrependimento, enquanto o chantagista aproveitador é retratado como o verdadeiro vilão.

Obs.: não há registros de um trailer para "Chantagem e Confissão". No lugar dele, há uma gravação com Hitchcock e Anny Ondra fazendo um teste de som para o filme, no qual pode-se perceber o forte sotaque de Ondra.

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